quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PRESENÇA E AUSÊNCIA


Resolvi escrever esse texto porque nessa semana aconteceu algo que me chamou a atenção e me fez pensar no assunto.
Não é meu intuito levantar uma bandeira contra os homens, mas sim, fazer com que alguns se tornem “homens de verdade” ou pelo menos que não cometam os mesmo erros.  
Quero falar sobre o sofrimento pela presença ou pela ausência do pai.
A geração da minha mãe sofreu porque o pai era muito rígido, a ponto de dizer a uma filha que estava no portão com o namoradinho antes das 10 da noite: _ Você quer que eu te leve para a zona? Posso te levar amanhã mesmo.
Que modelo de marido era esse? Não é a toa que o número de divórcios explodiu quando as mulheres começaram a trabalhar fora e conquistaram sua independência. Principalmente quando eram casadas com alcoólatras, que do nada as agrediam e até mesmo os filhos. 
Resolveu-se um tipo de problema, mas apareceu outro.
A minha geração sofreu (e ainda sofre) pela ausência da figura do pai.
No domingo ouvi minha prima (filha de pais separados) me dizendo que tem vontade de ter um filho com o namorado dela (que já tem uma filhinha) porque vê o amor que ele tem pela criança. Ela me disse: _sabe Mi, ele a ama tanto, é tão bonito. Ela tem aquilo que eu não tive. Como sofri quando meu pai dizia que ia me ver e não aparecia.
No dia seguinte, uma outra amiga (também filha de pais separados) me disse praticamente a mesma coisa. Ela está grávida, pegou o marido em um “quase” deslize, mas não tem coragem de se separar porque não quer privar a filha dela que tem 5 anos, de ter o amor do pai. _“Eu não tive isso”... não queria tirar esse direito dela, que é apaixonada pelo pai”. Ele faz  o café da manhã pra ela, leva na escola...
Cortou meu coração ver nos olhos das duas o quanto elas queriam ter desfrutado da presença dos pais delas. O que me faz lembrar o quanto eu também quis desfrutar da presença do meu, já que sou fruto de uma “produção independente” e também não tive essa oportunidade. Ele sabia que eu existia, me viu com 2 anos de idade... mas não foi homem pra me assumir.
Sabe, acho que está na hora das pessoas pensarem um pouco mais antes de terem filhos “indiscriminadamente”. E se de repente acontecer algum escorregão, queria que agissem com respeito pelas crianças, que são as que menos têm culpa, mas as que mais sofrem.  
Mulheres amigas, em especial as que não tiveram seus pais e que inconscientemente projetam em seus futuros maridos essa compensação, torço muito para que vocês sejam muuuuuuito felizes!
Abração.
Michele Souza
 15/09/09